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O Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), lança luz sobre uma dimensão muitas vezes invisibilizada da região: a expressiva presença de comunidades quilombolas nos nove municípios que compõem o Piemonte Norte do Itapicuru, na Bahia.
Os dados revelam não apenas a diversidade étnica e cultural, mas também os desafios enfrentados por essas populações historicamente marginalizadas.
Dentre os municípios pesquisados, Filadélfia se destaca com o maior percentual de habitantes quilombolas: 35,46% da população local se autodeclarou quilombola, o que representa 6.346 pessoas em um universo de 17.897 habitantes.
Em termos absolutos, no entanto, é Senhor do Bonfim que lidera: são 15.999 pessoas quilombolas, correspondendo a 21,47% da população total.
Abaixo, a distribuição da população quilombola por município:
Esses números mostram uma presença significativa da população quilombola na região, ainda que a maioria dos territórios não tenha reconhecimento oficial do Estado. Essa ausência afeta diretamente o acesso a políticas públicas essenciais.
A falta de territórios quilombolas oficialmente delimitados em seis dos nove municípios aponta para um obstáculo crítico: o reconhecimento formal dessas comunidades pelo poder público.
Essas certificações são fundamentais para garantir o acesso das comunidades a políticas públicas específicas, como regularização fundiária, fomento à agricultura familiar e proteção de práticas culturais afro-brasileiras.
Sem esse reconhecimento, o acesso a programas específicos de saúde, educação e infraestrutura torna-se limitado.
Outro dado relevante é o envelhecimento populacional. Em Ponto Novo, por exemplo, há 78,65 idosos para cada 100 jovens de até 14 anos.
Esse indicativo sugere a necessidade urgente de políticas de permanência e valorização da juventude quilombola.
Mesmo diante da invisibilidade institucional, o pertencimento étnico e a manutenção cultural são marcas de resistência.
Comunidades como Tijuaçu, Alto Maravilha e Águas Claras, em Senhor do Bonfim, e Bananeira, Laje e Fumaça, em Pindobaçu, são exemplos vivos de como a identidade quilombola se mantém viva através de gerações.
Especialistas ouvidos pelo Portal apontam a necessidade de medidas concretas: reconhecimento legal dos territórios, educação escolar quilombola, saúde com recorte étnico-racial, financiamento de iniciativas culturais e proteção dos modos de vida tradicionais.
O desafio está posto: transformar dados em políticas. Enquanto isso, as comunidades quilombolas do Piemonte Norte seguem firmes, com seus tambores, memórias e saberes ancestrais, reafirmando que resistir também é uma forma de existir.
Fonte das comunidades certificadas: Fundação Cultural Palmares, Tabela de Comunidades Quilombolas Certificadas.
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