O jornalismo econômico enfrenta um desafio central: ser simultaneamente preciso e compreensível.
Em um cenário marcado pela polarização, pelo excesso de informações e por desigualdades persistentes, informar sobre economia exige mais do que relatar números ou declarações; exige clareza, contexto e relevância social.
A economia não é apenas uma abstração técnica.
Ela se manifesta no preço do feijão, no transporte que atrasa, na dívida que cresce, no crédito que encolhe. Por isso, acredito que o jornalismo econômico mais eficaz é aquele que conecta decisões macroeconômicas ao cotidiano das pessoas. Essa ponte só é construída quando o repórter vai além dos indicadores e se pergunta: o que isso muda na vida de quem lê?
Três pilares sustentam essa abordagem: análise crítica, linguagem acessível e escuta ativa.
A análise crítica nos obriga a investigar causas, questionar versões oficiais e identificar os interesses em jogo.
A linguagem acessível não implica simplificação excessiva, mas sim responsabilidade em tornar o conteúdo legível e útil. Já a escuta ativa demanda sair do centro e ouvir quem está nas margens geográficas e sociais, onde os efeitos das políticas econômicas são sentidos de forma mais aguda.
No Portal do Piemonte, aplico essa perspectiva no dia a dia.
Em uma região historicamente marcada por desigualdades, busco decodificar temas como orçamento público, infraestrutura, cadeias produtivas e incentivos agrícolas. Para isso, uso recursos como analogias, infográficos e fontes locais, aproximando o conteúdo da experiência do público e devolvendo à informação seu papel como instrumento de cidadania.
Parto do princípio de que entender economia é um direito. Ao tratar de assuntos complexos, mapeio o essencial: quem será afetado, o que está em jogo e por que o tema importa agora. A partir daí, construo textos com tom de conversa — didáticos, mas nunca condescendentes. Revisito termos técnicos, traduzo jargões e conecto dados à vida real.
Acredito que o futuro do jornalismo econômico está na humanização da narrativa, na valorização do território e na escuta sensível das contradições do presente. É com esse compromisso — informar para transformar — que escrevo cada reportagem, analiso cada dado e conto cada história.