Reforma Tributária: CCJ aprova plano de trabalho, mas deixa setores de fora

PLP 68/24
© Foto: Geraldo Magela / Agência Senado / Reprodução / Relator Eduardo Braga

Na próxima terça-feira (29), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado começa a debater o primeiro texto que regulamenta a reforma tributária, o PLP 68/24.

O projeto vai definir as regras para o funcionamento do futuro Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).

O ciclo de debates e audiências públicas vai até dia 14 de novembro, quando serão ouvidos representantes de vários setores da economia. Mas um deles foi deixado de fora: a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), que representa as 27 unidades da federação e mais de 2 milhões de empresas.

A entidade se manifestou por meio de uma carta aberta, alegando ter o reconhecimento do Supremo Tribunal Federal para propor ações de controle concentrado junto ao órgão, ao lado de associações sindicais como CNI, CNA e CNC.

“Representando a base do micro e pequeno negócio brasileiro, acompanhamos as discussões acerca da Reforma Tributária desde antes de sua promulgação pelo Congresso Nacional, em dezembro de 2023, contribuindo no grupo de trabalho e em audiências públicas na Câmara dos Deputados, com propostas e alterações significativas no texto, como o limite para a carga tributária global.

Já no Senado Federal (…) participamos das reuniões promovidas pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) apontando para as necessidades de ajustes no PLP 68/2024. Alertamos, especialmente, para o risco de prejuízo que mais de 20 milhões de micro e pequenas empresas optantes pelo regime tributário do Simples Nacional poderão sofrer caso não haja ajustes na proposta em análise.

Diante disso, é com pesar e estranhamento que a CACB registra o fato de não ter sido convidada para colaborar com o aprimoramento do texto, que passa a ser discutido em audiências públicas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.”

O presidente da CACB, Alfredo Cotait Neto, disse ter recebido o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na sede da confederação na semana passada. Na ocasião, Pacheco falou sobre o cronograma das audiências públicas na CCJ e a inclusão da discussão sobre o Simples Nacional nas reuniões. “Não ter havido convite para o debate foi uma surpresa”, disse Cotait.

“A não inclusão da CACB, legítima representante dos micro e pequenos empreendedores e empresas, é uma constatação que desqualifica esta audiência pública, pois está fazendo governo com governo. Onde está a sociedade civil organizada?”, questionou Cotait.

Ainda segundo o presidente da CACB, logo após a divulgação da lista dos participantes das audiências públicas ele esteve no Senado para tentar incluir a entidade na discussão na CCJ.

“A resposta foi: esse pedido só pode ser feito através de um senador. O que mostra que a estrutura do nosso Congresso está completamente defasada”, desabafou Cotait.

Luta pelo Simples Nacional

Segundo a CACB, os principais questionamentos quanto ao texto do PLP 68/24 estão nos seguintes pontos:

  • A reforma tributária do IBS e da CBS deixa de tratar o Simples Nacional de maneira isonômica e traz prejuízos quando se compara o novo regime com o atual;
  • Impossibilidade de aplicação para o Simples Nacional das reduções de alíquotas da cesta básica, regimes diferenciados e outras isenções previstas na lei reguladora do IBS e da CBS;
  • A ausência de regra para a exclusão proporcional da receita desses bens ou serviços no regime do Simples Nacional, o que para a entidade, trará prejuízo ao empresário e expressiva diferença em relação ao modelo atual, que admite essa exclusão para o ICMS e ISS.
  • O novo sistema também extingue a possibilidade de transmissão de crédito integral para os contribuintes que adquirem produtos ou serviços de empresários do Simples Nacional, como atualmente é permitido nas contribuições do PIS e da COFINS.

Entre as lutas da instituição sobre a reforma tributária está a manutenção do Simples Nacional como um regime diferenciado — o que já foi constitucionalmente estabelecido. Só assim será possível garantir a sobrevivência competitiva do micro e pequeno empreendedor com a mudança de regime tributário no país.

Audiências públicas começam na próxima terça (29)

Segundo o relator da regulamentação na casa, senador Eduardo Braga (MDB-AM), a proposta é que sejam feitas 11 audiências públicas até o dia 14 de novembro. Os convidados serão representantes do governo federal, estados e municípios, do setor privado e especialistas da área.

A previsão é que a primeira audiência tenha a participação de membros do governo, como o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e o secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy. Entre os temas que devem ser debatidos estão os impactos no setor produtivo e social, os regimes diferenciados, o impacto na saúde e nos planos de saúde, regimes específicos para serviços financeiros, entre outros.

Inscrever-se
Notificar de
guest

0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Mais do Portal

Piemonte da Diamantina e do Itapicuru representam a Bahia em Festival Nordestino de Economia Solidária
Produtos de Senhor do Bonfim e região ganham destaque em evento com participação de todos os estados do Nordeste
Câmara de Senhor do Bonfim homenageia Ilma Souza Santos e aprova Moção de Pesar na 20ª Sessão Ordinária
Sessão realizada nesta quinta-feira (08) contou com debates sobre cultura, saúde, prestação de contas e homenagem a figuras importantes da cidade.
CESOL-PDM representa Senhor do Bonfim no 1º Festival Nordestino de Economia Popular e Solidária, em Salvador
Evento acontece de 7 a 11 de maio e destaca experiências de transformação ecológica, cultura e economia solidária do Nordeste.
Câmara de Vereadores de Senhor do Bonfim
Posto de Saúde de Itapicuru poderá ganhar novo nome em sessão desta quarta (08).
Jaguarari lidera geração de empregos e se destaca com forte base industrial
Mesmo com desafios como a desigualdade de renda e a recente queda populacional, a cidade demonstra força especialmente nos setores de mineração e construção civil.
Ponto Novo aposta em crescimento econômico, mas precisa superar baixo consumo
A cidade tem potencial para mais, mas precisa diversificar sua base produtiva e incentivar o empreendedorismo.
Pindobaçu enfrenta desafios econômicos e aposta em novas oportunidades de negócios
Com baixa renda média e forte dependência do setor público, a cidade aposta na sua vocação mineral e no empreendedorismo para reverter o cenário.
Inscrições prorrogadas para o 5º Festival de Música Bonfinense
Evento valoriza o forró tradicional e homenageia o sanfoneiro Nivaldo do Acordeon; inscrições vão até 8 de maio.
Verdes Mares é destaque entre as maiores lojas de material de construção da Bahia pelo segundo ano seguido
Empresa de Senhor do Bonfim representa o Piemonte no Ranking Estadual da Revista Anamaco.
Conselheiros Tutelares de Antônio Gonçalves participam de Encontro Nacional sobre combate ao abuso infantil
Evento em Pernambuco reúne profissionais de todo o Brasil para fortalecer a rede de proteção de crianças e adolescentes.
plugins premium WordPress
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x

O jornal impresso cria tempo. O digital leva longe. Nós escolhemos os dois.

Assinar Newsletter

O Piemonte Norte do Itapicuru