Na caatinga onde o tempo se mede pelo cantar do galo e a resistência é símbolo de vida, um novo capítulo foi escrito em Consolo, distrito de Baixa Grande.
Pela primeira vez, exemplares da Galinha Sertaneja Balão (GSB) foram identificados com anilhas e chips eletrônicos.
A ação, conduzida pela Associação Brasileira dos Criadores da Galinha Sertaneja Balão (ABRASB), marca um momento histórico para a avicultura do sertão nordestino.
Inovação genética sertão: rastreabilidade e identidade
Com o uso de tecnologia de chipagem, os criadores garantem a rastreabilidade dos animais, o controle de linhagem e a preservação da raça.
A Galinha Sertaneja Balão, resistente às adversidades do clima seco, ganha agora um sistema que permite identificar cada exemplar por um código único.
Registro de origem e história
Cada GSB carrega agora um “RG de penas”, como chamam os criadores, com dados sobre origem, genealogia e características do clã.
O processo de chipagem foi conduzido sob orientação do médico veterinário Wagner Alves e contou com a presença de técnicos agropecuários, criadores tradicionais e representantes da ABRASB.
Criação liderada por Rodrigo Almeida, em Senhor do Bonfim, ultrapassa fronteiras com identidade do sertão
Do sertão baiano para o mundo.
A Galinha Balão de Baixa Grande, símbolo de rusticidade e originalidade, tem ganhado visibilidade além das divisas do Brasil.
Por trás dessa conquista está Rodrigo Almeida, advogado de formação e criador por paixão, que conduz o criatório Joia Sertaneja, em Senhor do Bonfim, norte da Bahia.
A relação de Rodrigo com os animais vem de cedo, influenciado pela vivência familiar no campo. O encanto com a Galinha Balão surgiu em um evento agrícola em Serrolândia, onde a imponência da ave o motivou a iniciar estudos, aprimorar técnicas e mergulhar na valorização da raça.
Hoje, ele preside a Associação Brasileira dos Criadores da Galinha Sertaneja Balão (ABRASB) e mantém um plantel expressivo.
O criatório atende criadores de várias regiões do país e também do exterior, consolidando a GSB como um patrimônio genético do semiárido.
Tradição aliada à técnica
A ação não rompe com o passado, mas fortalece os laços com ele. Preservar a identidade da GSB é também afirmar a inteligência que brota do sertão.
A tecnologia entra como aliada da cultura, sem apagar o saber que nasce da terra, das mãos calejadas e do farfalhar das palmas ao vento.
Semiárido como território de inovação
O evento realizado no criatório de Mestre Souza contou com a participação de nomes importantes na trajetória da GSB, como Leo Souza (Criatório Selefrango), Galego de Piritiba, Matias Souza, Aroldo Gusmão e Júnior Souza.
Com essa ação, o sertão se reafirma como espaço de criação e inovação, onde a resistência não é apenas sobrevivência, mas reinvenção.
Sertão como ponto de partida
O sucesso da Galinha Balão é também o reconhecimento da inteligência que brota do solo seco do nordeste. Cada exemplar, criado com cuidado e propósito, carrega consigo a história de um povo que transforma desafios em oportunidade.
O sertão continua a ensinar — e agora, a exportar seu saber.