PIEMONTE NORTE DO ITAPICURU (BA) – Com a chegada do período mais aguardado do calendário cultural nordestino, o São João, sete dos nove municípios do Piemonte Norte do Itapicuru já divulgaram oficialmente suas contratações artísticas para os festejos de 2025. Segundo levantamento do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), o montante gasto até o momento ultrapassa R$ 13 milhões, oriundos de recursos públicos das esferas municipal e estadual.
O levantamento considera apresentações realizadas nos meses de maio, junho e julho.
Embora o relatório contemple 2025 de forma ampla, os dados mais significativos concentram-se no período junino, tradicionalmente marcado por grandes eventos, movimentação econômica e alta circulação de turistas e moradores locais.
Distribuição regional dos eventos
Segundo os dados do MPBA, a distribuição dos gastos entre os municípios do Piemonte Norte mostra desigualdades marcantes. Veja os principais números:
- Senhor do Bonfim investiu R$ 5.330.000,00 em 28 atrações, ocupando a liderança no ranking da região.
- Jaguarari aparece em segundo lugar, com R$ 3.800.000,00 e 14 atrações.
- Campo Formoso, em terceiro, aplicou R$ 1.800.000,00 para custear 10 shows.
- Ponto Novo contabilizou R$ 1.290.000,00, com 5 atrações.
- Caldeirão Grande destinou R$ 440.000,00.
- Antônio Gonçalves investiu R$ 340.000,00, sendo o único com verba estadual.
- Pindobaçu, por sua vez, teve o menor gasto da região, com R$ 8.200,00 aplicados em uma única atração.
Já os municípios de Andorinha e Filadélfia não constam na base de dados do Painel de Transparência dos Festejos Juninos nos Municípios do Estado da Bahia.
Atrações nacionais e artistas locais
O São João 2025 da região traz nomes conhecidos do cenário nacional.
Mari Fernandez (R$ 500 mil), Henry Freitas (R$ 565 mil), Calcinha Preta (R$ 490 mil), Pablo (R$ 550 mil), Zé Vaqueiro (R$ 400 mil) e Joelma (R$ 480 mil) são algumas das atrações com maior custo contratual.
No entanto, os dados também revelam presença de artistas regionais e locais, muitos com cachês entre R$ 800 e R$ 50 mil.
Senhor do Bonfim, por exemplo, contratou atrações de pequeno porte, com valores abaixo de R$ 2 mil.
Origem dos recursos: municipal e estadual
A maior parte dos recursos utilizados tem origem municipal, com apenas uma contratação registrada como estadual (Edson Gomes, em Antônio Gonçalves). Não há registro de contratações com recurso federal nos municípios analisados.
Essa concentração de recursos municipais levanta debates sobre a sustentabilidade fiscal das cidades, uma vez que os investimentos em cultura ocorrem em paralelo a outras demandas como saúde, educação, infraestrutura e assistência social.
O Ministério Público do Estado da Bahia realiza este monitoramento com o objetivo de garantir a transparência, legalidade e controle social sobre o uso dos recursos públicos. A instituição destaca que a divulgação proativa dos dados possibilita que cidadãos, imprensa e órgãos de controle tenham acesso facilitado às informações.
Segundo o MP,
o foco não é impedir as festividades, mas assegurar que os gastos estejam compatíveis com a realidade financeira dos municípios e que respeitem os princípios da eficiência, publicidade, moralidade e economicidade, previstos na Constituição Federal.
O órgão ressalta que segue aberto a esclarecimentos e recomenda que prefeituras mantenham portais da transparência atualizados, evitando autuações por omissão ou irregularidades.
O São João continua sendo uma das maiores expressões culturais do Piemonte Norte do Itapicuru, com potencial para gerar renda, emprego e movimentar a economia local.
No entanto, os números divulgados pelo MPBA reforçam a importância da gestão responsável dos recursos públicos, da valorização da cultura regional e da fiscalização contínua por parte da sociedade.